quarta-feira, 1 de agosto de 2012

COMO OS PAIS E A ESCOLA LIDAM COM A SEXUALIDADE

BASSO,Graziélli Cristina
CACIOLA, Maria Angélica
OLIVEIRA, Rovana França
Acadêmicas da Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco
Membros Bolsistas  do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Sexualidade – GEPES GEPES-PET-MEC-FDB
BONFIM, Cláudia (Orientadora)


Resumo: A presente pesquisa possui caráter qualitativo, realizada através de pesquisas bibliográficas. Fundamenta-se especialmente em Nunes e Silva, Bonfim, Vianna, entre outros autores que abordam o tema. Procura-se pensar as questões de gênero e a sexualidade dentro do espaço escolar, ou seja, como que os educadores estão lhe dando com essas questões e qual sua visão sobre o assunto. Onde podemos notar que grande parte dos educadores não possuem formação adequada para lidar com as temáticas de gênero e sexualidade.


Palavras-chave: Gênero, sexo, sexualidade, educação sexual.



1 INTRODUÇÃO


O artigo será realizado através da revisão de literatura, onde iremos apresentar uma breve abordagem sobre como os pais e a escola lidam com a sexualidade. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - 9394/96), declara em seu artigo segundo, referente aos Princípios e Fins da Educação Nacional que: “a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.’’ A escola e a família tem o dever de prepara o educando para a cidadania, para a vida social e para o mercado de trabalho, porém por falta de conhecimentos ou mesmo por influencia da sociedade dominante muitos pais e até mesmo professores sentem-se envergonhados, despreparados para trabalhar a sexualidade com seus filhos e o educando, acabam relacionando sexualidade ao sexo, biológico e esquecem o verdadeiro significado da sexualidade.
Para melhor compreensão o artigo será dividido duas seções onde iremos conceituar  e interpretar, como a escola e a sociedade esta lidando com a sexualidade dentro de seguintes temas: Sexualidade e Educação sexual que a escola oferece e Como a sociedade e os professores lidam com a questão de gênero.

2 OBJETIVO GERAL

O objetivo central é compreender como  a sexualidade, educação  sexual e gênero estão sendo trabalhados dentro da escola em relação ao desenvolvimento do educando para a vida  social.

3 PROBLEMÁTICA

Os pressupostos apresentados levantam o seguinte questionamento neste estudo: Como pais e educadores estão lidando com a sexualidade  em  relação ao preparo do educando para vida social? Enfatizando três importantes campos: sexualidade, educação sexual que a escola oferece e como a família e os professores lidam com a questão de gênero.

4 QUESTÕES DE GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR

Inicialmente é importante esclarecermos que gênero refere-se as características e papéis culturalmente impostos pela sociedade dominante em relação ao masculino e feminino. Segundo Bonfim (2010, p.174)

Gênero é o que ‘’determina’’ aquilo que culturalmente seriam as características do ser ‘’masculino’’ e ‘’feminino’’: forma física, anatomia, maneira de se vestir, falar, gesticular, enfim, as atitudes, comportamentos, valores e interesses de cada gênero ( lembrando que essas características são designadas pela sociedade culturalmente dominante).

  Gênero refere-se ao comportamento independente do sexo, ou seja, não importa se uma pessoa é do sexo masculino ou feminino, o gênero está relacionado a forma na qual ele se comporta mediante a sociedade, sua identidade de gênero está relacionada ao seu comportamento e não ao sexo biológico.
Assim é a identidade de gênero refere-se de acordo com Bonfim (2010, P.74):
[...] á forma como alguém se sente, se identifica, se apresenta,  para si próprio e aos que o rodeiam, bem como, relaciona-se á percepção de si como ser ‘’masculino’’ ou ‘’feminino’’, ou ambos, independente do sexo biológico ou de sua orientação sexual, ou seja, da sua maneira subjetiva de ser masculino ou feminino, de acordo com comportamentos ou papéis socialmente estabelecidos.

O feminismo movimento social, filosófico e político  teve grande importância pois conceituou que  não nascemos homens ou mulheres nos tornamos no decorrer de nossas vidas. O feminismo possuía como meta  lutar por direitos equânimes e por uma vivencia sem padrões pré-definidos pela sociedade.
Muitos ainda na sociedade atual relacionam gênero ao sexo, podemos encontra educadores devido à falta de informações que separam seus alunos na realização de atividades, desenvolvendo atividades diferenciadas para meninas e meninos considerando meninos mais capacitados para realizar um tipo de atividade consideradas inadequadas para meninas e vice versa. Se uma menina tira nota inferior a de um menino na disciplina de matemática considera-se “normal”, pois meninos possuem maior facilidade em lidar com exatas e as meninas com matérias da área de humanas. De acordo com Walderkine (1995) apud Vianna (1997, 127) ‘’[...] não só a ciência reproduz estereótipos sobre as dificuldades de garotas quanto ao raciocínio, mas também a escola e seus professores e professoras justificam esse tipo de argumento.’’ Devido a falta de capacitação de muitos educadores eles acabam  fazendo com que essa errada definição de gênero continue  sendo passada e mal interpretada pelas novas gerações. Como já havíamos colocado anteriormente não nascemos qualificados e capacitados a desenvolver uma atividade pré-definida e sim, somos moldados mediante a sociedade na qual estamos inseridos.
O sexo biológico não interfere na qualificação de uma pessoa tanto meninas como meninos possuem a mesma capacidade para realizar as mesma atividades e alguns professores estão deixando a desejar nessa questão, pois em vez de integrar os alunos fazendo com que essa questão de separação por sexo deixe de existir e com isso homens e mulheres venha a assumir um papel igualitário diante da sociedade dominante.


4 EDUCAÇÃO SEXUAL NA VISÃO DE PAIS E EDUADORES


Atualmente a sexualidade ainda é vista e vivida pela maioria da sociedade apenas como ato sexual. Quando se fala em sexualidade logo se pensa que o assunto a se tratar será “sexo”, onde o mesmo é compreendido socialmente, culturalmente e politicamente como ato sexual.
Como afirma Bonfim (2010, p.187) :

A sexualidade não pode ser tratada apenas como sexo, ela é a totalidade de nossos sentimentos, conhecimentos, interações, dos relacionamentos que estabelecemos durante nossa vida desde que nascemos, ela é inerente ao nosso ser. E, em cada época da vida, ela vai se manifestando física e emocionalmente, despertando a curiosidade de conhecer a si próprio, de conhecer o outro, de conhecer o mundo. Uma curiosidade natural e saudável que não dever ser estimulada, mas que jamais pode ser negligenciada.

O sexo, considerando este, como um conjunto de característica biológicas que nos definem como homem ou mulher. De acordo com Nunes e Silva da seguinte forma (2000, p.74), “é possível entender o sexo como a marca biológica, a caracterização genital e natural, constituída a partir da aquisição evolutiva da espécie humana como animal”. Assim, se  tratando do ambiente escolar a sexualidade é relacionada a disciplina de ciências biológicas, e dentro desta compreendida como formas de prevenir Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e métodos anticoncepcionais. Diante disto Bonfim (2012, online) aponta que:

Por isso, voltamos a dizer que embora a educação sexual (quando acontece na escola, pois nem sempre ocorre) precisa superar apenas a dimensão- médica- higienista- biologista que reduz a sexualidade á prevenção de DST’s, preservativos e anticonceptivos; superamos também a visão meramente procriativa e anatômica da sexualidade, que acaba por reduzir á sexualidade ao sexo (macho e fêmea), ás genitálias, como se a sexualidade fosse apenas isso.

Assim cabe deixar explicito a importância do docente trabalhar a sexualidade dentro da sala de aula. Mostrando ao aluno que a mesma pode ser vivida de forma saudável. A educação sexual no meio escolar serve para informar, orientar e tirar as dúvidas de crianças e jovens a respeito da temática.
Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, p.292), “A satisfação dessas curiosidades contribui para que o desejo de saber seja impulsionado ao longo da vida, enquanto a não-satisfação gera ansiedade [...]
Felipe (2001, p. 62) assinala que o mesmo será trabalhado de acordo com a curiosidade de cada um, sendo esclarecida de acordo  com o entendimento que já possuem a respeito do tema. Mostrando que quando o assunto gira em torno de sexo ou sexualidade os pais preferem ocultar o assunto com seus filhos, devido ao medo de desenvolverem uma sexualidade precoce.
Presume-se assim, que os pais ainda não se encontram preparados para falar do assunto com seus filhos, se sentem envergonhados e não sabem que ao se comportarem dessa maneira diante do assunto pode levar a várias consequências como uma gravidez indesejada e preconceitos.
A Educação Sexual nos ensina sobre a anatomia do corpo humano e também sobre a psicologia que se relaciona à reprodução humana abordando os aspectos do nosso comportamento que estejam relacionados com o “sexo”. É um assunto que ainda hoje envolve muitos “tabus”.

A educação Sexual é um campo que tem crescido entre os profissionais de saúde e educação e vem passando por inúmeras transformações. Mas ainda vemos um grande despreparo dos professores que, carentes de treinamento e orientação, não se sentem aptos a tal função, além de ficarem inseguros com o comportamento dos responsáveis (VEIGA, Online, 2011).

            Essa citação serve para mostrar que ainda existem muitos professores que não estão teoricamente e psicologicamente preparados para tratarem sobre a Educação Sexual na escola e em outros aspectos, falta muito preparo para esses profissionais.
            Como afirma Bonfim (2010) dentro da Educação Sexual, podem ser abordados diversos temas como: sexo, gravidez, aborto, métodos contraceptivos e preventivos, doenças sexualmente transmissíveis, mas especialmente devem ser trabalhos valores éticos e estéticos, autoestima, desejos sexuais, sentimentos, relacionamentos afetivos.

CONCLUSÕES PARCIAIS

Através desta pesquisa podemos pressupor que alguns pais não sabem como educar adequadamente seus filhos, ou sentem-se inseguros para  falar sobre o tema, fruto de suas própria educação. Os docentes também não estão preparados para trabalhar o assunto, ou seja, não possuem formação adequada para lidar com os discentes em relação ao gênero e a sexualidade. Afirmamos isso de acordo com a literatura encontrada.
Considerando necessário que esses docentes tenham uma formação seja em seus cursos de graduação, seja na formação continuada para poder trabalhar o assunto de maneira emancipatória e positiva, pois sem as informações corretas eles continuaram por repassar esses conceitos inadequados, já afirmados pela sociedade.
O gênero e a sexualidade são dois temas que podem ser relacionados com todos as disciplinas além da disciplina de ciências que é imposta historicamente pela escola, pois como sabemos ambos são temáticas transversais.

REFERÊNCIAS

BONFIM, C. Educação Sexual e formação de professores: da educação que temos á educação que queremos. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB,2010.262p.
BONFIM, C. Falando um pouco do nosso trabalho como pesquisadora e vice-presidente da ABRADES – Associação Brasileira de Educação Sexual.Online. Disponível na internet. In:  http://educacaoesexualidadeprofclaudiabonfim.blogspot.com.br/2010_02_01_archive.html
FELIPE, J. Sexualidade, Gênero Novas Configurações Familiares: Algumas Implicações para a Educação Infantil. In: CRAIDY. C.; KAERCHER, G. E. (Orgs.). Educação infantil: pra que te quero? Porto Alegre, RS: Artmed, 2001.p. 61- 66. 
NUNES, C. e SILVA, E. A Educação sexual da criança: subsídios teóricos e  propostas práticas para uma abordagem da sexualidade para além da trasversalidade.  Campinas, SP: Autores Associados, 2000.

VEIGA, A. P.  Educação Sexual (2011). Online. Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?788. Acesso : 01/06/2012

VIANNA,  C. Sexo e Gênero: masculino e feminino na qualidade na educação escolar. In: AQUINO, J. G. (Org.). Sexualidade na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1997.