sábado, 23 de maio de 2020

Atividade de Projeto de Pesquisa com o Prof. Dr. SIlvio Gamboa promovido pelo GEPES foi um sucesso

Em nome da Faculdade Dom Bosco e do PET Gepes, nossa gratidão ao Prof. Dr. Silvio Gamboa da Unicamp pela palestra ministrada online nesta noite, sobre Projeto de Pesquisa. Ele, que conta com inúmeros livros publicados e é uma das maiores autoridades da Epistemologia da Pesquisa no Brasil. Gratidão a todos que participaram da atividade parabéns ao Gepes e a coordenadora Profa Dra Cláudia Bonfim pelo evento organizado. O evento online ocorreu pelo Zoom e foi aberto a toda comunidade acadêmica interna e externa.














quarta-feira, 20 de maio de 2020

Como elaborar Resenha de Filme: Atividade de Ensino, Pesquisa e Extensão PET GEPES




O PET contempla atividades de ensino, pesquisa e extensão, assim objetivando cumprir com essa tríade os petianos estarão elaborando uma série de vídeos e socializando aqui também, textualmente, a forma correta da elaboração de alguns trabalhos acadêmicos mais utilizados, bem como suas normas de foramtação. Este vídeo produzido pela Petiana Lisandra Marques de Oliveira do Curso de Psicologia, baseado na apostila elaborada pela Profa. Dra Cláudia Bonfim (Coordenadora) que também supervisionou a elaboração dos slides, esta atividade visa a multiplicação dos conhecimentos adquiridos no grupo pelos petianos e petianas, assim como, auxiliar os demais membros da comunidade acadêmica para que aprender como elaborar adequadamente seus trabalhos.


O que é uma Resenha Crítica



Cláudia Ramos de Souza Bonfim
Doutora em Educação
Coordenadora do PET GEPES MEC FDB

Agência Financiadora: PET MEC FNDE



O presente resumo expandido tem como objetivo esclarecer sobre o que é uma resenha crítica. Questiona-se: quais as finalidades e como uma resenha crítica deve ser elaborada?
Fundamenta-se em especialmente em Medeiros, Lakatos, utilizando-se de pesquisa de caráter bibliográfico-explicativo.
Resenhar, é relatar de maneira detalhada, as partes que constituem uma obra, que pode ser artigo, livro, filme, etc, através de um texto informativo escrito de forma direta, apontando seus aspectos mais relevantes, de forma clara e concisa, com detalhes opinativos (comentários  e juízos de valor do autor da resenha).
Considerando Medeiros (2000, p. 137),


Resenha é um relato minucioso das propriedades de um objeto. É um tipo de redação técnica que inclui descrição, narração e dissertação. Em sua estrutura descreve as propriedades da obra (descrição física da obra), relata as credenciais do autor, resume a obra, apresenta suas conclusões e metodologia empregada, expõe um quadro de referências em que o autor se baseia (narração), e apresenta também uma avaliação da obra e diz a quem a obra se destina (dissertação).


Sobre a finalidade da resenha, para Lakatos e Marconi (2003, p.264)


[...] é informar o leitor, de maneira objetiva e cortês, sobre o assunto tratado no livro, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias. A resenha visa, portanto, apresentar uma síntese das idéias (sic) fundamentais da obra. o resenhista deve resumir o assunto e apontar as falhas e os erros de informação encontrados, sem entrar em muitos promenores e, ao mesmo tempo, tecer elogios aos méritos da obra, desde que sinceros e ponderados.


A resenha crítica é um valoroso instrumento para a pesquisa, sendo definida por Machado, Lousada e Abreu- Tardelli (2007, p. 14) como:

Um gênero que pode ser chamado por outros nomes, como resenha crítica, e que exige que os textos que a ele pertençam tragam informações centrais sobre os conteúdos e sobre outros aspectos de outro(s) texto(s) lido(s) – como, por exemplo, sobre o seu contexto de produção e recepção, sua organização global, suas relações com outros textos etc., e que, além disso, tragam comentários do resenhista não apenas sobre os conteúdos, mas também sobre todos esses outros aspectos.


Medeiros (2000, p. 142) ainda afirma que, “a resenha não é, pois, um resumo. Este é apenas um elemento da estrutura da resenha. Além disso, acrescente-se: se, por um lado, o resumo não admite o juízo valorativo, o comentário, a crítica; a resenha, por outro, exige tais elementos”
Corroborando com acima, Lakatos (2003, p.264) aponta que “[...] resenha crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista.”
Segundo a NBR 6028 (ABNT, 2003, p.1), resenha ou recensão é o mesmo que resumo crítico.   O resumo crítico é “[...] redigido por especialistas com análise crítica de um documento. Também chamado de resenha. Quando analisa apenas uma determinada edição entre várias, denomina-se recensão”. 
Na graduação e pós-graduação geralmente são solicitadas com o objetivo especialmente de contribuir para o aprimoramento intelectual dos acadêmicos. “A resenha, em geral, é elaborada por um cientista que, além do conhecimento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico. Também pode ser realizada por estudantes; nesse caso, como um exercício de compreensão e crítica.”
Severino (2007, p. 204), considera que resenha é:


[...] uma síntese ou um comentário dos livros publicados feito em revistas especializadas das várias áreas a ciência, das artes e da filosofia. As resenhas têm papel importante na vida científica de qualquer estudante e dos especialistas, pois é através delas que se toma conhecimento prévio do conteúdo e do valor de um livro que acaba de ser publicado, fundando-se nesta informação a decisão de se ler o livro ou não, seja para o estudo seja para um trabalho em particular.



A linguagem que deve ser utilizada na elaboração da resenha deve ser em terceira pessoa, ter objetividade e impessoalidade e  neutralidade. Ex.: “Esclarece-se...; Considera-se; ...; Indica-se..., Utiliza-se, etc.”.
A resenha crítica busca fornecer ao leitor ou expectador da obra informações que o ajudem a decidir se quer ou ver ou ler a obra inteira original, se configura como um resumo das ideias principais da obra. Como afirma Lakatos (2003, p.264):


No campo da comunicação técnica e científica, a resenha é de grande utilidade, porque facilita o trabalho profissional ao trazer um breve comentário sobre a obra e uma avaliação da mesma. A informação dada ajuda na decisão da leitura ou não do livro.

O correto é ler ou assistir a obra inteira a ser resenhada uma vez, anotando rapidamente alguns detalhes. Após esta etapa, deve-se reler ou assistir novamente e,  então, elaborar a resenha, pois na segunda vez que lê ou vê a obra pode-se identificar características que não haviam sido notadas antes.
Ainda pautando-se em Lakatos (2003, p. 265), a resenha crítica apresenta a estrutura descrita abaixo.


1.       Referência Bibliográfica Autor(es) Título (subtítulo) Imprensa (local da edição, editora, data) Número de páginas Ilustração (tabelas, gráficos, fotos etc.)
2.       Credenciais do Autor Informações gerais sobre o autor Autoridade no campo científico Quem fez o estudo? Quando? Por quê? Onde?
3.       Conhecimento Resumo detalhado das idéias principais De que trata a obra? O que diz? Possui alguma característica especial?
Como foi abordado o assunto? Exige conhecimentos prévios para entendê-lo?
4.       Conclusão do Autor O autor faz conclusões? (ou não?) Onde foram colocadas? (fmal do livro ou dos capítulos?) Quais foram?
5.       Quadro de Referências do Autor Modelo teórico Que teoria serviu de embasamento? Qual o método utilizado?
6. Apreciação
a) Julgamento da obra: Como se situa o autor em relação: - às escolas· ou correntes científicas, filosóficas, culturais? - às circunstâncias culturais, sociais, econômicas, históricas etc.?
b) Mérito da obra: Qual a contribuição dada? Idéias verdadeiras, originais, criativas? Conhecimentos novos, amplos, abordagem diferente?
c) Estilo: Conciso, objetivo, simples? Claro, preciso, coerente? Linguagem correta? Ou o contrário?
d) Forma: Lógica, sistematizada? Há originalidade e equilíbrio na disposição das partes?
e) Indicação da Obra: A quem é dirigida: grande público, especialistas, estudantes?


Durante a produção de uma resenha crítica é importante observar a formatação padrão, que é seguida através das normas da ABNT. Confira algumas dicas:
• Não há uma regra referente a quantidade de parágrafos dentro do texto, mas trabalhos acadêmicos precisam ter em torno de 2 páginas a 3 páginas feitas no Word, ou seja, de 6 a 10 parágrafos;
• A linguagem deve ser impessoal;
• Os verbos não podem ser escritos em primeira pessoa;
• Use fonte Times New Roman ou Arial ou Arial 12;
• espaçamento entrelinhas 1,5 e parágrafo inicial na primeira linha de 1,25
Considera-se que a resenha é um trabalho acadêmico informativo e detalhado,  significativo tanto para o aprimoramento intelectual como para o campo da pesquisa científica por ser um trabalho que irá auxiliar os pesquisadores na escolha das obras que são importantes para o estudo de seus objetos de pesquisa para que selecione-as e faça suas leituras na íntegra.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6028: informação e documentação: Resumo: Apresentação. Rio de Janeiro, 2003.
ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. São Paulo: Atlas, 1995.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica 5. ed.  São Paulo: Atlas 2003.

MACHADO, A. R.; LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, L. S. Resenha. 4. ed. São Paulo: Parábola, 2007.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2000.

OLIVEIRA, Jorge L. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. Brasília: abcBSB, 2003.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atual. São Paulo:  Cortez, 2007.





TÍTULO DO FILME
CENTRALIZADO, NEGRITO, ARIAL 12
DIFERENTE DO TÍTULO DO FILME
QUE NOME VOCÊ DARIA À OBRA?



BONFIM, Cláudia Ramos de Souza[1]
Doutora em Educação
Faculdade Dom Bosco
Coordenadora PET GEPES

Agência Financiadora: PET MEC FNDE


REFERÊNCIA: Exemplo:
SOBRENOME, Iniciais Nome e Prenome do Diretor do Filme. Título do Filme em negrito. Cidade, Estado (País) da produtora: nome da produtora, ano de lançamento do filme. Tempo de duração do filme.

Credenciais da autoria:  Breve apresentação do (a) diretor ou diretores do filme, em especial quanto ao seu currículo profissional (outros filmes que já dirigiu etc.);

Digesto ou Resumo da obra:  Expor brevemente o assunto do filme, o contexto histórico-social, se ele aborda um tema específico, como ele é tratado, suas ideias básicas; seus personagens principais, pode-se também detalhar sobre cenário, trilha sonora, enredo, figurino, etc.

Metodologia: O filme é baseado em fatos reais? Se deriva de um livro? Tipo de filme (comédia, drama, ficção, romance, terror?) É uma continuidade ou terá continuidade?

Conclusões do resenhista: Qual mensagem o filme traz?

Apreciação crítica do resenhista: Qual sua opinião sobre o filme? As mensagens são claras ou metafóricas, subliminares?  É de fácil entendimento, é um filme atrativo?

Indicações do filme: Informar a que público se destina a obra ou a quem ela pode ser útil, como, por exemplo, alunos de determinados cursos, professores, pesquisadores, especialistas, técnicos ou público em geral. Tem censura de idade? Em que curso pode ser utilizado?





EXEMPLO DE RESENHA DE FILME

DIFERENÇAS DE GÊNERO:
NÃO É FÁCIL SER HOMEM MUITO MENOS MULHER






CACIOLA, Maria Angélica
Acadêmica do curso de Pedagogia
 Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco
Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Sexualidade - FDB
Bolsista do PET MEC CAPES
Coordenadora/Orientadora: Profª Dra Cláudia Bonfim


FILHO, D. Se Eu Fosse Você. Rio de Janeiro, Brasil: Total Entertainment/Fox Film do Brasil/Globo Filmes, 2006.104 min.

João Carlos Daniel, que utiliza o codinome profissional de Daniel Filho, nascido em 30 de setembro de 1937, no Rio de Janeiro, é ator, diretor, produtor de televisão e de cinema no Brasil. Entre os filmes e minisséries produzidos por ele estão:  O Primo Basílio; Sai de Baixo; O Auto da Comparecida; As cariocas; etc...

O filme trata-se sobre gêneros, e isso é bem mostrado quando Helena e Cláudio ao brigarem e falarem juntos ao mesmo tempo,  trocam de gêneros e percebem logo quando acordam. Cláudio (Tony Ramos) passa a ser Helena (Glória Pires) e Helena passa a ser Cláudio, corporalmente dizendo. E assim, vão vivendo até que essa situação seja invertida novamente voltando cada um para seu próprio corpo. O filme é apresentado na época de hoje. Os personagens centrais são o casal: Cláudio e Helena. Já foi lançado sua continuação com o filme “Se eu fosse você 2”.

Trata-se de uma comédia romântica, onde há uma troca de gêneros (corpos) entre os personagens centrais. O filme é baseado em fatos reais no tocante à análise das relações afetivas e sexuais. É uma comédia. Não é fruto de um livro.

Conclui-se que não é fácil ser nem homem, nem mulher, cada um tem suas características biológicas, e os papéis de gênero são influenciados pela cultura, em cada época e sociedade. O filme nos ajuda a penar sobre a necessidade de se respeitar essas diferenças do outro, mas também nos ajuda a pensar sobre como algumas diferenças de gênero criadas pela sociedade podem ser negativas na relação e na construção de nossa identidade, limitando as potencialidades especialmente da mulher, mas também do homem. 

O filme é uma comédia romântica que tem uma mensagem bem clara, de fácil entendimento e atrativo, o que facilita que seja utilizado no trabalho de educação sexual com adolescentes e jovens, podendo ser utilizado pedagogicamente de maneira crítica, pois também há questões apresentadas no filme que precisam ser desconstruídas e superadas.

Indico esse filme a todos os públicos, é um filme muito divertido. É para crianças acima de 10 anos. Pode ser utilizado tanto no curso de Pedagogia como no curso de Educação Física, porque ambos estão na área da educação e para todos aqueles que queiram entender as questões de gênero. Claro que, o filme por si só não esgota nem dá conta da temática, mas nos ajuda a começar a pensar de maneira lúdica sobre estas problemáticas  e preconceitos de gênero construídos socialmente.




[1] Doutora em História e Filosofia da Educação (UNICAMP); Pós-Doutorado (UNICAMP); Mestre em Educação, Especialista em Metodologia e Didática do Ensino, Licenciada em Biologia (UENP-FAFICOP); Especialista em Educação e Sexualidade (SBRASH); Licenciada em Pedagogia (UNIBF); Coordenadora Pedagógica Geral da Faculdade Dom Bosco; Coordenadora PET GEPES MEC FDB.


Para acessar o vídeo em tamanho maior acesse: https://youtu.be/sFR7INDeZMM


sábado, 16 de maio de 2020

Reunião PET GEPES 16 de maio


Registro da Reunião de Hoje do PET GEPES onde a petiana Helóisa Leal Carvalho Muller, discente do curso de Psicologia Dom Bosco, apresentou aos demais, o trabalho produzido no grupo, que investigou os preconceitos socialmente existentes sobre a vivência da sexualidade na terceira idade os conhecimentos da população idosa a respeito da sexualidade, buscando mostrar a necessidade de levar informações sobre o tema à essa faixa etária, assim como, para toda população, permitindo assim, a aquisição de conhecimentos, na intenção de que as pessoas possam superar os mitos, tabus e preconceitos que circundam a questão.; busca-se ainda criar possibilidade de promoção da quebra dos mesmos. Breve socializaremos o trabalho produzido neste espaço.

Registro de Orientação Individual com as petianas Heloisa e Lisandra

Registro da Reunião de Orientação Online para finalização de artigo da petiana Helóisa e gravação da oficina de vídeo de resenha de filme da petiana Lisandra com a tutora Cláudia Bonfim.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Reunião Online do GEPES do dia 09 de maio de 2020

Registro da reunião online deste sábado, 09 de maio, do PET GEPES, cuja atividade de fichamento e discussão foi pautada no texto do Prof. Dr. Aurélio Bona Jr intitulado: "Corpo e trabalho na educação emancipatória da sexualidade".
BONA JÚNIOR, Aurélio. Corpo e trabalho na educação emancipatória da sexualidade. In: BONFIM, Cláudia. (Org.). DOSSIÊ - Corpo, Sexualidade e Gênero: a educação sexual como possibilidade emancipatória. v. 13 n. 154 (2014): Revista Espaço Acadêmico, 154, março de 2014.

Breve solicitaremos o fichamento conjunto neste espaço.



sábado, 2 de maio de 2020

Reunião Online do 1. Capítulo do livro: Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pósestruturalista

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista  - Petrópolis, RJ, Vozes, 1997. p. 14-36.

Na reunião online deste sábado o PET Gepes trouxe ao debate o Capítulo I: A Emergência do Gênero.

A foto tiramos ao final onde alguns alunos haviam já caído da conexão da reunião, mas fica o registro.




Fichamento elaborado pelo conjunto dos petianos e petianas





FICHAMENTO




LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. 6.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. p.14-36.
Cap. I A emergência do Gênero.

“Ações isoladas ou coletivas, dirigidas contra a opressão das mulheres, podem ser observadas em muitos e diversos momentos da História e, mais recentemente, algumas publicações, filmes etc. vêm se preocupando em reconhecer essas ações. No entanto, quando se pretende referir ao feminismo como um movimento social organizado, esse é usualmente remetido, no Ocidente, ao século XIX”. (p. 14)

“Na virada do século, as manifestações contra a discriminação feminina adquiriram uma visibilidade e uma expressividade maior no chamado "sufragismo", ou seja, no movimento voltado para estender o direito do voto às mulheres”. (p.15)

“Com uma amplitude inusitada, alastrando-se por vários países ocidentais (ainda que com força e resultados desiguais), o sufragismo passou a ser reconhecido, posteriormente, como a "primeira onda" do feminismo”. (p.15)

“Será no desdobramento da assim denominada “segunda onda" — aquela que se inicia no final da década de 1960 — que o feminismo, além das preocupações
sociais e políticas, irá se voltar para as construções propriamente teóricas”. (p.15)

“Já se tornou lugar comum referir-se ao ano de 1968 como um marco da rebeldia e da contestação. A referência é útil para assinalar, de uma forma muito concreta, a manifestação coletiva da insatisfação e do protesto que já vinham sendo gestados há algum tempo”. (p.15)

“Tornar visível aquela que fora ocultada foi o grande objetivo das estudiosas feministas desses primeiros tempos. A segregação social e política a que as mulheresforam historicamente conduzidas tivera como conseqüência a sua ampla invisibilidade como sujeito —inclusive como sujeito da Ciência.” (p. 17)


“É preciso notar que essa invisibilidade, produzida a partir de múltiplos discursos que caracterizaram a esfera do privado, o mundo doméstico, como o "verdadeiro" universo da mulher, já vinha sendo gradativamente rompida, por algumas mulheres”. (´p.17)

"[...] desde há muito tempo, as mulheres das classes trabalhadoras e camponesas exerciam atividades fora do lar [...] Suas atividades, no entanto, eram quase sempre (como são ainda hoje, em boa parte) rigidamente controladas e dirigidas por homens e geralmente representadas como secundárias, "de apoio", de assessoria ou auxílio, muitas vezes ligadas à assistência, ao cuidado ou à educação." (p.17)

“A segregação social e política que a que as mulheres foram historicamente conduzidas tivera como consequência a sua ampla invisibilidade como sujeito – inclusive como sujeito da Ciência”. (p.17)

“[...] os estudos iniciais se constituem, muitas vezes, em descrições das condições de vida e de trabalho das mulheres em diferentes instâncias e espaços. Estudos das áreas da Antropologia, Sociologia, Educação, Literatura, etc. apontam ou comentam as desigualdades sociais, políticas, econômicas, jurídicas, denunciando a opressão e submetimento feminino.”  (p.17-18)
“Seria, no entanto, um engano deixar de reconhecer a importância desses primeiros estudos. [...] levantaram informações, construíram estatísticas, apontaram lacunas em registros oficiais, vieses nos livros escolares, deram voz àquelas que eram silenciosas e silenciadas, focalizaram áreas, temas e problemas que não habitavam o espaço acadêmico, falaram do cotidiano, da família, da sexualidade, do doméstico, dos sentimentos. [...]. Eles, decididamente, não eram neutros. ” (p.18-19)


"Há uma disposição para que pesquisadoras mulheres se ocupem em discutir ou construir uma História, uma Literatura, ou uma Psicologia da mulher — de algum modo perturbando pouco a noção de um universo feminino separado." (p. 18)

 “Estudos das áreas da Antropologia, Sociologia, Educação, Literatura etc. apontam ou comentam as desigualdades sociais, políticas, econômicas, jurídicas, denunciando a opressão e submetimento feminino, criticam e, algumas vezes, celebram as "características" tidas como femininas”. (p.18)

[...] “a "integração do universo feminino ao conjunto social" até pretensões mais ambiciosas de "subversão dos paradigmas teóricos vigentes", enfrentam muitas dificuldades para se impor”.(p. 18)

"Pesquisadoras escreviam na primeira pessoa. Assumia-se, com ousadia, que as questões eram interessadas, que elas tinham origem numa trajetória histórica específica que construiu o lugar social das mulheres e que o estudo de tais questões tinha (e tem) pretensões de mudança" (p. 19)

"Fizeram mais, ainda: levantaram informações, construíram estatísticas, apontaram lacunas em registros oficiais, vieses nos livros escolares, deram voz àquelas que eram silenciosas e silenciadas, focalizaram áreas, temas e problemas que não habitavam o espaço acadêmico, falaram do cotidiano, da família, da sexualidade, do doméstico, dos sentimentos." (p. 19)

 “Numa outra posição, estarão aqueles/as que justificam as desigualdades sociais entre homens e mulheres, rementendo-as, geralmente, às características biológicas. O argumento de que homens e mulheres são biologicamente distintos e que a relação entre ambos decorre dessa distinção, que é complementar e na qual cada um deve desempenhar um papel determinado secularmente [...]” p. 20

“Estudos sobre as vidas femininas- formas de trabalho, corpo, prazer, afetos, escolarização, oportunidades de expressão e de manifestação artística, profissional e política, modos de inserção na economia e no campo jurídico – aos poucos vão exigir mais do que descrições minuciosas e passarão a ensaiar explicações.” (pag.20)

"[...] argumento de que homens e mulheres são biologicamente distintos e que a relação entre ambos decorre dessa distinção, que é complementar e na qual cada um deve desempenhar um papel determinado secularmente, acaba por ter o caráter de argumento final, irrecorrível" (p. 19 - 20)

“Se para algumas as teorizações marxistas representarão uma referência fundamental, para outras as perspectivas construídas a partir da Psicanálise poderão parecer mais produtivas. Haverá também aquelas que afirmarão a impossibilidade de ancorar tais análises em quadros teóricos montados sobre uma lógica androcêntrica e que buscarão produzir explicações e teorias propriamente feministas, originando o “feminismo radical”. Em cada uma dessas filiações teóricas usualmente se reconhece um móvel ou causa central para a opressão feminina e, em decorrência, se constrói uma argumentação que supõe a destruição dessa causa central como o caminho lógico para a emancipação das mulheres. ” (p.20)

“Seja no âmbito do senso comum, seja revestido por uma linguagem “científica”, a distinção biológica, ou melhor, a distinção sexual, serve para compreender – e justificar - a desigualdade social. ” (p.21)

“Para que se compreenda o lugar e as relações de homens e mulheres numa sociedade importa observar não exatamente seus sexos, mas sim tudo que socialmente se construiu sobre os sexos. ” (p.21)

“ E através das feministas anglo-saxãs que gender passa a ser usado como distintivo de sex. Visando “rejeitar um determinismo biológico implícito no uso de termos como sexo ou diferença sexual” [...]” (p.21,)

“Ao dirigir o foco para o caráter "fundamentalmente social", não há, contudo, a pretensão de negar que o gênero se constitui com ou sobre corpos sexuados, ou seja, não é negada a biologia, mas enfatizada, deliberadamente, a construção social e histórica produzida sobre as características biológicas” . (p. 21)


"É necessário demonstrar que não são propriamente as características sexuais, mas é a forma como essas características são representadas ou valorizadas, aquilo que se diz ou se pensa sobre elas que vai constituir, efetivamente, o que é feminino ou masculino em uma dada sociedade e em um dado momento histórico." (p. 21)


"Busca-se, intencionalmente, contextualizar o que se afirma ou se supõe sobre os gêneros, tentando evitar as afirmações generalizadas a respeito da "Mulher" ou do "Homem"." (p. 22)

“O conceito pretende se referir ao modo como as características sexuais são compreendidas e representadas ou, então, como são "trazidas para a prática social e tornadas parte do processo histórico". (p. 22)

 “As justificativas para as desigualdades precisariam ser buscadas não nas diferenças biológicas (se é que mesmo essas podem ser compreendidas fora de sua constituição social), mas sim nos arranjos sociais, na história, nas condições de acesso aos recursos da sociedade, nas formas de representação”. (p.22)

“não é negada a biologia, mas enfatizada, deliberadamente, a construção social e histórica produzida sobre as características biológicas.” (p. 22)

“Na medida em que o conceito afirma o caráter social do feminino e do masculino, obriga aquelas/es que o empregam a levar em consideração as distintas sociedades e os distintos momentos históricos de que estão tratando.” (p. 23)

“[...] as concepções de gênero diferem não apenas entre as sociedades ou os momentos históricos, mas no interior de uma dada sociedade, ao se considerar os diversos grupos (étnicos, religiosos, raciais, de classe) que a constituem” . (p. 23)

“Assim, no Brasil, será já no final dos anos 80 que, a princípio timidamente, depois mais amplamente, feministas passarão a utilizar o termo "gênero". (p.23)

"Através do aprendizado de papéis, cada um/a deveria conhecer o que é considerado adequado (e inadequado) para um homem ou para uma mulher numa determinada sociedade, e responder a essas expectativas." (p. 24)

“A característica fundamental social e relacional do conceito não deve, no entanto, levar a pensa-lo como se referindo à construção de papéis masculinos e femininos. Papéis seriam, basicamente, padrões ou regras arbitrárias que uma sociedade estabelece para seus membros e que definem seus comportamentos, suas roupas, seus modos de se relacionar ou de se portar...” (p.24, grifo da autora)

"Busca-se compreender que a justiça, a igreja, as práticas educativas ou de governo, a política, etc. são atravessadas pelos gêneros: essas instâncias, práticas ou espaços sociais são "generificados" — produzem-se, ou "engendram-se", a partir das relações de gênero (mas não apenas a partir dessas relações, e sim, também, das relações de classe, étnicas, etc.)" (p. 25)


"É importante que notemos que grande parte dos discursos sobre gênero de algum modo incluem ou englobam as questões de sexualidade." (p. 25)


“A pretensão é, então, entender o gênero como constituinte da identidade dos sujeitos. E aqui nos vemos frente a outro conceito complexo, que pode ser formulado a partir de diferentes perspectivas: o conceito de identidade. Numa aproximação às formulações mais críticas dos Estudos Feministas e dos Estudos Culturais, compreendemos os sujeitos como tendo identidades plurais, múltiplas; identidades que se transformam, que não são fixas ou permanentes, que podem, até mesmo, ser contraditórias. (p. 25)

“Ao afirmar que o gênero institui a identidade do sujeito (assim como a etnia, a classe, ou a nacionalidade, por exemplo) pretende-se referir, portanto, a algo que transcende o mero desempenho de papéis, a idéia (sic) é perceber o gênero fazendo parte do sujeito, constituindo-o. ” (p.25)

"[...] Se Foucault foi capaz de traçar uma História da Sexualidade (1988), isso aconteceu pelo fato de compreendê-la como uma "invenção social", ou seja, por entender que ela se constitui a partir de múltiplos discursos sobre o sexo: discursos que regulam, que normalizam, que instauram saberes, que produzem "verdades"." (p. 26)

"Suas identidades sexuais se constituiriam, pois, através das formas como vivem sua sexualidade, com parceiros/as do mesmo sexo, do sexo oposto, de ambos os sexos ou sem parceiros/as. Por outro lado, os sujeitos também se identificam, social e historicamente, como masculinos ou femininos e assim constroem suas identidades de gênero." (p. 26)

“Por outro lado, os sujeitos também se identificam, social e historicamente, como masculinos ou femininos e assim constroem suas identidades de gênero”. (p.26)

“Sujeitos masculinos ou femininos podem ser heterossexuais, homossexuais, bissexuais (e, ao mesmo tempo, eles também podem ser negros, brancos, ou índios, ricos ou pobres etc). O que importa aqui considerar é que — tanto na dinâmica do gênero como na dinâmica da sexualidade — as identidades são sempre construídas, elas não são dadas ou acabadas num determinado momento”. (p.27)

“As identidades estão sempre se constituindo, elas são instáveis e, portanto, passíveis de transformação”. (p. 27)

"[...] as identidades são sempre construídas, elas não são dadas ou acabadas num determinado momento. [...] As identidades estão sempre se constituindo, elas são instáveis e, portanto, passíveis de transformação." (p.27)

“Nenhuma identidade sexual — mesmo a mais normativa — é automática, autêntica, facilmente assumida; nenhuma identidade sexual existe sem negociação ou construção. Não existe, de um lado, uma identidade heterossexual lá fora, pronta, acabada, esperando para ser assumida e, de outro, uma identidade homossexual instável, que deve se virar sozinha. Em vez disso, toda identidade sexual é um constructo instável, mutável e volátil, uma relação social contraditória e não finalizada” ( BRITZMAN (1996, p.74 apud LOURO, p. 27)

“[...] tanto na dinâmica do gênero como na dinâmica da sexualidade – as identidades são sempre construídas, elas não são dadas ou acabadas num determinado momento. ” (p.27, grifo da autora)

“É possível pensar as identidades de gênero de modo semelhante: elas também estão continuamente se construindo e se transformando. Em suas relações sociais, atravessadas por diferentes discursos, símbolos, representações e práticas, os sujeitos vão se construindo como masculinos ou femininos, arranjando e desarranjando seus lugares sociais, suas disposições, suas formas de ser e de estar no mundo”. (p.28)

"Judith afirma que é "crucial manter um aparato teórico que leve em consideração o modo como a sexualidade é regulada através do policiamento e da censura do gênero." (p. 29)


"Entre as estudiosas mais conhecidas nesse campo está Joan Scott, historiadora norte-americana que escreve, em 1986, um artigo instigante: Gender: a useful category of historical analysis [...]. No entanto, as implicações teóricas da abordagem de Scott talvez tenham sido, muitas vezes, observadas um tanto superficialmente, já que seu estudo serve de suporte a trabalhos marcados pelas mais diversas perspectivas (Louro, 1995a). [...] Por tudo isso é possível compreender que as idéias (sic) que ela propõe tenham sido férteis e, ao mesmo tempo, perturbadoras." (p. 30)

"Desconstruir a polaridade rígida dos gêneros, então, significaria problematizar tanto a oposição entre eles quanto a unidade interna de cada um. Implicaria observar que o pólo masculino contém o feminino (de modo desviado, postergado, reprimido) e vice-versa." (p.31)

“Um ponto importante em sua argumentação é a idéia (sic) de que é preciso desconstruir o “caráter permanente da oposição binária” masculino-feminino. Em outras palavras: Joan Scott observa que é constante nas análises e na compreensão das sociedades um pensamento dicotômico e polarizado sobre os gêneros; usualmente se concebem homem e mulher como pólos (sic) opostos que se relacionam dentro de uma lógica invariável de dominação-submissão. Para ela seria indispensável implodir essa lógica. ”  (p.30-31)

“A proposição de desconstrução das dicotomias – problematizando a constituição de cada pólo, demonstrando que cada uma na verdade supõe e contém o outro, evidenciando que cada pólo (sic) não é uno, mas plural, mostrando que cada pólo (sic) é, inteiramente, fraturado e dividido – pode se constituir numa estratégia subversiva e fértil para o pensamento. ” (p.31, grifo da autora)

“A desconstrução trabalha contra essa lógica, faz perceber que a oposição é construída e não inerente e fixa. A desconstrução sugere que se busquem os processos e as condições que estabeleceram os termos da polaridade. Supõe que se historicize a polaridade e a hierarquia nela implícita”. (p.32)

"Uma lógica que parece apontar para um lugar "natural" e fixo para cada gênero. A desconstrução trabalha contra essa lógica, faz perceber que a oposição é construída e não inerente e fixa. A desconstrução sugere que se busquem os processos e as condições que estabeleceram os termos da polaridade. Supõe que se historicize a polaridade e a hierarquia nela implícita." (p. 32)

“Uma das conseqüências mais significativas da desconstrução dessa oposição binária reside na possibilidade que abre para que se compreendam e incluam as diferentes formas de masculinidade e feminilidade que se constituem socialmente.” (p. 33)

"Há pouco avanço, segundo Teresa, em se dizer que a diferença sexual é cultural; o problema que permanece é o de conceber as diferenças (sejam elas consideradas culturais, sociais, subjetivas)." (p. 33)


“O processo desconstrutivo permite perturbar essa idéia (sic) de relação de via única e observar que o poder se exerce em várias direções. [...]. Os sujeitos que constituem a dicotomia não são, de fato, apenas homens e mulheres, mas homens e mulheres, mas homens e mulheres de várias classes, raças, religiões, idades, etc. e suas solidariedades e antagonismos podem provocar os arranjos mais diversos, perturbando a noção simplista e reduzida de “homens dominante versus mulher dominada. ”  (p.33)

"Os sujeitos que constituem a dicotomia não são, de fato, apenas homens e mulheres, mas homens e mulheres de várias classes, raças, religiões, idades, etc. [...]. Por outro lado, não custa reafirmar que os grupos dominados são, muitas vezes, capazes de fazer dos espaços e das instâncias de opressão, lugares de resistência e de exercício de poder." (p. 33)

“homem dominante versus mulher dominada”. (p. 33)

"Mulheres e homens, que vivem feminilidades e masculinidades de formas diversas das hegemônicas e que, portanto, muitas vezes não são representados/as ou reconhecidos/as como "verdadeiras/verdadeiros" mulheres e homens, fazem críticas a esta estrita e estreita concepção binária." (p. 34)

“Uma das consequências mais significativas da desconstrução dessa oposição binária reside na possibilidade que abre para que se compreendam e incluam as diferentes formas de masculinidade e feminilidade que se constituem socialmente. ” (p.34)

“Vale notar que as críticas a tal concepção são também feitas por outras feministas que percebem o conceito como extremamente marcado por sua origem acadêmica, branca, de classe média”. (p.34)

“Romper a dicotomia poderá abalar o enraizado caráter heterossexual que estaria, na visão de muitos/as, presente no conceito "gênero". (p. 34)


“[...] identidades de gênero estão continuamente se transformando. Sendo assim, é indispensável admitir que até mesmo as teorias e as práticas feministas — com suas críticas aos discursos sobre gênero e suas propostas de desconstrução — estão construindo gênero”. (p. 35)

“Ao aceitarmos que a construção de gênero é histórica e se faz incessantemente, estamos entendendo que as relações entre homens e mulheres, os discursos e as representações dessas relações estão em constante mudança.” (p.35