PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
MULLER, Heloísa Leal de Carvalho
Acadêmica do curso de Psicologia
Bolsista membro do grupo de Estudos e Pesquisa em
Educação e Sexualidade
(GEPES PET MEC FDB)
Coordenadora Prof. Dra. Cláudia Bonfim
Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco
heloisalmuller@gmail.com
BONFIM,
C. APONTAMENTOS SOBRE OS PRECONCEITOS DE GÊNERO E A VIOLÊNCIA CONTRA A
MULHER NO BRASIL. Revista Espaço acadêmico, 16 (183), 26-38.
Disponível em: www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/32953
A autora pós-doutora em Educação na área de
História e Filosofia, Cláudia Bonfim é Licenciada em biologia pela
Faficop/Uenp, onde também se especializou em Metodologia Didática do Ensino e
realizou seu Mestrado em Educação, é também Doutora em Educação pela Unicamp,
na área de História, Filosofia e Educação. Atua como coordenadora geral na
Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco na cidade de Cornélio Procópio, onde
coordena o Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação e Sexualidade (GEPES PET MEC
FDB).
Este artigo contém 13 páginas, e é dividido
em cinco tópicos, no qual a autora vislumbra de maneira clara e concisa a
igualdade de gênero e a relevância de uma educação familiar como base para
construção de um sujeito sem preconceito de gênero. Cláudia utiliza Lei Maria
da Penha e a autores como: Scott, Therborn, Drumont, Werebe, entre outros.
No primeiro item, a introdução, relata-se a
questão acerca da desigualdade de gênero e a contempla com um enfoque sócio
histórico. De acordo com ela, o condicionamento imposto pela sociedade
patriarcal machista sobre as mulheres, a reprimiu, a fez submissa, uma vez que
seu papel social consistia em ser “dona de casa”, devendo se dedicar
exclusivamente à família e afazeres domésticos. E, embora alguns pensamentos e
direitos tenham sido conquistados com o tempo, especialmente graças ao
movimento feminista, muitas mulheres ainda não têm verdadeiro acesso ou são
amparadas por eles, vez que são assediadas e violentadas das mais diversas
maneiras e se calam frente as agressões. Nesse sentido, a educação familiar
apresenta-se como base para comportamentos adquiridos em primeira instancia, já
que os pais são referência para os filhos e, portanto, podem potencializar o cenário
histórico de desigualdades, como o preconceito de gênero.
No próximo item, esclarecimento, Bonfim
define que o gênero se constitui das relações sociais, se define historicamente
e hegemonicamente, no qual alguns papéis são definidos de forma estereotipada e
preconceituosa, consolidando a desigualdade de gênero, afirmando ser cada vez
mais relevante ter-se um diálogo crítico sobre essa inferiorização e opressão
cultural da mulher pautada na educação dual, sexista e machista.
Nos esclarecimentos legais, o terceiro item,
tem-se questões referentes ao amparo feminino legal brasileiro, destaca-se as
duas legislações, a Lei “Maria da Penha” e Lei n 11.340/2006, visando a
defender as mulheres violentadas. Assim, tipificando os atos criminosos,
conscientiza-se as mulheres, para que possam identificar as agressões, bem como
aos homens que, por conta de uma educação equivocada, possam reconhecer suas
atitudes como invasivas e agressoras.
O item quatro, é destacada a Lei n 13,104 de
2015 que tipifica o feminicídio como crime contra a mulher, pautado na condição
de gênero, sendo, pois, um avanço no que se refere à violência contra a mulher.
Aborda-se, ainda, os motivos pelos quais as
mulheres se calam frente às agressões, sendo uma das causas os pseudo valores
morais internalizados, arraigados pela família, pela religião e pela sociedade
em geral, o que aflige seu psicológico, desembocando no silenciamento, na
vitimização ou no acovardamento. Juntando isso à falta de um atendimento
especializado e humano impedindo a denúncia das agressões sofridas. Esses
fatores acrescidos da falta de um acompanhamento psicológico e a mora
processual pode culminar na repetição da violência. Destarte, observa-se que
apenas as leis não suprem a latente necessidade de mudança de atitude tanto dos
agressores quanto das vítimas. É necessária uma educação efetiva que modifique
a consciência individual e social das pessoas.
No quinto item, Bonfim afirma que, a ideia
de fragilidade e sensibilidade feminina e a visão de homem forte que reprime
seus sentimentos desemboca numa série de transtornos psicológicos. Essa visão
da sexualidade é fortemente influenciada pela família, assim, o que também
perpetua comportamentos agressivos é a frequência de brigas, discussões e
agressões feitas pelos pais na frente de seus filhos, que mesmo
inconscientemente, influenciará na maneira com que eles se relacionarão com
seus futuros parceiros, portanto, a referência de carinho deve dar de ambas as
partes (pai e mãe) e entre eles também, para que a subjetividade dos filhos não
seja enrijecida. Dessa maneira quebra-se o tabu citado e igualiza os gêneros no
que se refere aos sentimentos como amor e dor, humanizando-os. Ainda nesse item, evidencia-se que a violência contra a
mulher também diz respeito a questão da divisão de classes, aquelas que possuem
menores condições econômicas são mais afetadas, pois a falta de estudo e
condições para se manter, faz com que ela se sujeita à violência, para que
possa dar o que comer aos filhos.
Nas considerações finais, sintetiza-se os
itens, com olhar voltado a opressão sofrida pela mulher, que tem raízes
profundas e consolidadas pela sociedade machista, formando pessoas com uma
subjetividade destrutiva. Enfatiza-se, ainda mais a relevância da família na
questão de gênero, uma vez os pais, sendo referência, determinam e formam
identidade dos filhos e também a importância da escola na desconstrução de
preconceitos e papeis de gêneros, através da formação de uma consciência
crítica, que pode mudar a mentalidade das pessoas, tornando homens e mulheres
independentes e com relações pautadas no respeito, no amor e na liberdade.
A autora utiliza-se do método de abordagem
qualitativa de caráter histórico-bibliográfico.
Este artigo pode ser indicado para todas as
pessoas que desejam ampliar seus conhecimentos sobre sexualidade.