O que é uma Resenha Crítica
Cláudia Ramos de Souza Bonfim
Doutora em Educação
Coordenadora do PET GEPES MEC FDB
Agência Financiadora: PET MEC FNDE
O presente resumo expandido
tem como objetivo esclarecer sobre o que é uma resenha crítica. Questiona-se:
quais as finalidades e como uma resenha crítica deve ser elaborada?
Fundamenta-se em
especialmente em Medeiros, Lakatos, utilizando-se de pesquisa de caráter
bibliográfico-explicativo.
Resenhar, é relatar de
maneira detalhada, as partes que constituem uma obra, que pode ser artigo,
livro, filme, etc, através de um texto informativo escrito de forma direta,
apontando seus aspectos mais relevantes, de forma clara e concisa, com detalhes
opinativos (comentários e juízos de
valor do autor da resenha).
Considerando Medeiros
(2000, p. 137),
Resenha é um relato minucioso das
propriedades de um objeto. É um tipo de redação técnica que inclui descrição,
narração e dissertação. Em sua estrutura descreve as propriedades da obra
(descrição física da obra), relata as credenciais do autor, resume a obra,
apresenta suas conclusões e metodologia empregada, expõe um quadro de
referências em que o autor se baseia (narração), e apresenta também uma avaliação
da obra e diz a quem a obra se destina (dissertação).
Sobre a finalidade da resenha, para Lakatos e Marconi
(2003, p.264)
[...] é informar o leitor, de maneira objetiva e
cortês, sobre o assunto tratado no livro, evidenciando a contribuição do autor:
novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias. A resenha visa, portanto,
apresentar uma síntese das idéias (sic) fundamentais da obra. o resenhista deve
resumir o assunto e apontar as falhas e os erros de informação encontrados, sem
entrar em muitos promenores e, ao mesmo tempo, tecer elogios aos méritos da
obra, desde que sinceros e ponderados.
A resenha crítica é um
valoroso instrumento para a pesquisa, sendo definida por Machado, Lousada e
Abreu- Tardelli (2007, p. 14) como:
Um gênero que pode ser chamado por
outros nomes, como resenha crítica, e que exige que os textos que a ele
pertençam tragam informações centrais sobre os conteúdos e sobre outros
aspectos de outro(s) texto(s) lido(s) – como, por exemplo, sobre o seu contexto
de produção e recepção, sua organização global, suas relações com outros textos
etc., e que, além disso, tragam comentários do resenhista não apenas sobre os
conteúdos, mas também sobre todos esses outros aspectos.
Medeiros (2000, p. 142)
ainda afirma que, “a resenha não é, pois, um resumo. Este é apenas um elemento
da estrutura da resenha. Além disso, acrescente-se: se, por um lado, o resumo
não admite o juízo valorativo, o comentário, a crítica; a resenha, por outro,
exige tais elementos”
Corroborando com acima,
Lakatos (2003, p.264) aponta que “[...] resenha crítica é a apresentação
do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na
formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista.”
Segundo a NBR 6028 (ABNT,
2003, p.1), resenha ou recensão é o mesmo que resumo crítico. O resumo crítico é “[...] redigido por
especialistas com análise crítica de um documento. Também chamado de resenha.
Quando analisa apenas uma determinada edição entre várias, denomina-se
recensão”.
Na graduação e
pós-graduação geralmente são solicitadas com o objetivo especialmente de
contribuir para o aprimoramento intelectual dos acadêmicos. “A resenha,
em geral, é elaborada por um cientista que, além do conhecimento sobre o
assunto, tem capacidade de juízo crítico. Também pode ser realizada por
estudantes; nesse caso, como um exercício de compreensão e crítica.”
Severino (2007, p. 204), considera
que resenha é:
[...] uma síntese ou um comentário dos
livros publicados feito em revistas especializadas das várias áreas a ciência,
das artes e da filosofia. As resenhas têm papel importante na vida científica
de qualquer estudante e dos especialistas, pois é através delas que se toma
conhecimento prévio do conteúdo e do valor de um livro que acaba de ser
publicado, fundando-se nesta informação a decisão de se ler o livro ou não,
seja para o estudo seja para um trabalho em particular.
A linguagem que deve ser
utilizada na elaboração da resenha deve ser em terceira pessoa, ter
objetividade e impessoalidade e
neutralidade. Ex.: “Esclarece-se...; Considera-se; ...; Indica-se..., Utiliza-se,
etc.”.
A resenha crítica busca
fornecer ao leitor ou expectador da obra informações que o ajudem a decidir se
quer ou ver ou ler a obra inteira original, se configura como um resumo das
ideias principais da obra. Como afirma Lakatos (2003, p.264):
No campo da comunicação técnica e
científica, a resenha é de grande utilidade, porque facilita o trabalho
profissional ao trazer um breve comentário sobre a obra e uma avaliação da
mesma. A informação dada ajuda na decisão da leitura ou não do livro.
O correto é ler ou assistir
a obra inteira a ser resenhada uma vez, anotando rapidamente alguns detalhes.
Após esta etapa, deve-se reler ou assistir novamente e, então, elaborar a resenha, pois na segunda vez
que lê ou vê a obra pode-se identificar características que não haviam sido
notadas antes.
Ainda pautando-se em Lakatos
(2003, p. 265), a resenha crítica apresenta a estrutura descrita abaixo.
1.
Referência Bibliográfica Autor(es) Título (subtítulo)
Imprensa (local da edição, editora, data) Número de páginas Ilustração
(tabelas, gráficos, fotos etc.)
2.
Credenciais do Autor Informações gerais sobre o autor
Autoridade no campo científico Quem fez o estudo? Quando? Por quê? Onde?
3.
Conhecimento Resumo detalhado das idéias principais
De que trata a obra? O que diz? Possui alguma característica especial?
Como foi abordado
o assunto? Exige conhecimentos prévios para entendê-lo?
4.
Conclusão do Autor O autor faz conclusões? (ou não?)
Onde foram colocadas? (fmal do livro ou dos capítulos?) Quais foram?
5.
Quadro de Referências do Autor Modelo teórico Que
teoria serviu de embasamento? Qual o método utilizado?
6. Apreciação
a) Julgamento da
obra: Como se situa o autor em relação: - às escolas· ou correntes científicas,
filosóficas, culturais? - às circunstâncias culturais, sociais, econômicas,
históricas etc.?
b) Mérito da
obra: Qual a contribuição dada? Idéias verdadeiras, originais, criativas?
Conhecimentos novos, amplos, abordagem diferente?
c) Estilo:
Conciso, objetivo, simples? Claro, preciso, coerente? Linguagem correta? Ou o
contrário?
d) Forma: Lógica,
sistematizada? Há originalidade e equilíbrio na disposição das partes?
e) Indicação da
Obra: A quem é dirigida: grande público, especialistas, estudantes?
Durante a produção de uma
resenha crítica é importante observar a formatação padrão, que é seguida
através das normas da ABNT. Confira algumas dicas:
• Não há uma regra referente
a quantidade de parágrafos dentro do texto, mas trabalhos acadêmicos precisam
ter em torno de 2 páginas a 3 páginas feitas no Word, ou seja, de 6 a 10
parágrafos;
• A linguagem deve ser
impessoal;
• Os verbos não podem ser
escritos em primeira pessoa;
• Use fonte Times
New Roman ou Arial ou Arial 12;
• espaçamento entrelinhas
1,5 e parágrafo inicial na primeira linha de 1,25
Considera-se que a resenha é
um trabalho acadêmico informativo e detalhado, significativo tanto para o aprimoramento
intelectual como para o campo da pesquisa científica por ser um trabalho que
irá auxiliar os pesquisadores na escolha das obras que são importantes para o
estudo de seus objetos de pesquisa para que selecione-as e faça suas leituras
na íntegra.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6028: informação e documentação: Resumo:
Apresentação. Rio de Janeiro, 2003.
ANDRADE, Maria
Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação:
noções práticas. São Paulo: Atlas, 1995.
LAKATOS, Eva
Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica
5. ed. São Paulo: Atlas 2003.
MACHADO, A.
R.; LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, L. S. Resenha. 4. ed. São Paulo:
Parábola, 2007.
MEDEIROS, João
Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas.
4 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
OLIVEIRA, Jorge L. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. Brasília: abcBSB, 2003.
SEVERINO, A. J. Metodologia do
trabalho científico. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007.
TÍTULO DO FILME
CENTRALIZADO, NEGRITO, ARIAL 12
DIFERENTE DO TÍTULO DO FILME
QUE NOME VOCÊ DARIA À OBRA?
BONFIM, Cláudia Ramos
de Souza[1]
Doutora em Educação
Faculdade Dom Bosco
Coordenadora PET GEPES
Agência Financiadora:
PET MEC FNDE
REFERÊNCIA: Exemplo:
SOBRENOME, Iniciais Nome e
Prenome do Diretor do Filme. Título do
Filme em negrito. Cidade, Estado (País) da produtora: nome da produtora, ano
de lançamento do filme. Tempo de duração do filme.
Credenciais da autoria: Breve apresentação do (a)
diretor ou diretores do filme, em especial quanto ao seu currículo profissional
(outros filmes que já dirigiu etc.);
Digesto ou Resumo da obra: Expor
brevemente o assunto do filme, o contexto histórico-social, se ele aborda um
tema específico, como ele é tratado, suas ideias básicas; seus personagens
principais, pode-se também detalhar sobre cenário, trilha sonora, enredo,
figurino, etc.
Metodologia: O filme é baseado em fatos reais? Se deriva de um livro? Tipo de filme
(comédia, drama, ficção, romance, terror?) É uma continuidade ou terá
continuidade?
Conclusões do resenhista: Qual mensagem o filme traz?
Apreciação crítica do resenhista: Qual sua opinião sobre o filme? As mensagens
são claras ou metafóricas, subliminares? É de fácil entendimento, é um filme atrativo?
Indicações do filme: Informar a que público se destina a obra ou
a quem ela pode ser útil, como, por exemplo, alunos de determinados cursos,
professores, pesquisadores, especialistas, técnicos ou público em geral. Tem
censura de idade? Em que curso pode ser utilizado?
EXEMPLO DE RESENHA DE FILME
DIFERENÇAS DE GÊNERO:
NÃO É FÁCIL SER HOMEM MUITO MENOS MULHER
CACIOLA, Maria Angélica
Acadêmica do curso de Pedagogia
Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco
Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e
Sexualidade - FDB
Bolsista do PET MEC CAPES
Coordenadora/Orientadora: Profª Dra Cláudia Bonfim
FILHO, D. Se
Eu Fosse Você. Rio de Janeiro, Brasil: Total Entertainment/Fox Film do
Brasil/Globo Filmes, 2006.104 min.
João Carlos Daniel, que
utiliza o codinome profissional de Daniel Filho, nascido em 30 de setembro de
1937, no Rio de Janeiro, é ator, diretor, produtor de televisão e de cinema no
Brasil. Entre os filmes e minisséries produzidos por ele estão: O Primo
Basílio; Sai de Baixo; O Auto da Comparecida; As cariocas; etc...
O filme trata-se sobre
gêneros, e isso é bem mostrado quando Helena e Cláudio ao brigarem e falarem
juntos ao mesmo tempo, trocam de gêneros e percebem logo quando acordam.
Cláudio (Tony Ramos) passa a ser Helena (Glória Pires) e Helena passa a ser
Cláudio, corporalmente dizendo. E assim, vão vivendo até que essa situação seja
invertida novamente voltando cada um para seu próprio corpo. O filme é
apresentado na época de hoje. Os personagens centrais são o casal: Cláudio e
Helena. Já foi lançado sua continuação com o filme “Se eu fosse você 2”.
Trata-se de uma comédia
romântica, onde há uma troca de gêneros (corpos) entre os personagens centrais.
O filme é baseado em fatos reais no tocante à análise das relações afetivas e
sexuais. É uma comédia. Não é fruto de um livro.
Conclui-se que não é fácil
ser nem homem, nem mulher, cada um tem suas características biológicas, e os
papéis de gênero são influenciados pela cultura, em cada época e sociedade. O filme
nos ajuda a penar sobre a necessidade de se respeitar essas diferenças do
outro, mas também nos ajuda a pensar sobre como algumas diferenças de gênero
criadas pela sociedade podem ser negativas na relação e na construção de nossa
identidade, limitando as potencialidades especialmente da mulher, mas também do
homem.
O filme é uma comédia
romântica que tem uma mensagem bem clara, de fácil entendimento e atrativo, o
que facilita que seja utilizado no trabalho de educação sexual com adolescentes
e jovens, podendo ser utilizado pedagogicamente de maneira crítica, pois também
há questões apresentadas no filme que precisam ser desconstruídas e superadas.
Indico esse filme a todos os
públicos, é um filme muito divertido. É para crianças acima de 10 anos. Pode
ser utilizado tanto no curso de Pedagogia como no curso de Educação Física,
porque ambos estão na área da educação e para todos aqueles que queiram
entender as questões de gênero. Claro que, o filme por si só não esgota nem dá
conta da temática, mas nos ajuda a começar a pensar de maneira lúdica sobre
estas problemáticas e preconceitos de gênero construídos socialmente.
[1]
Doutora em História e Filosofia da Educação (UNICAMP); Pós-Doutorado (UNICAMP);
Mestre em Educação, Especialista em Metodologia e Didática do Ensino,
Licenciada em Biologia (UENP-FAFICOP); Especialista em Educação e Sexualidade
(SBRASH); Licenciada em Pedagogia (UNIBF); Coordenadora Pedagógica Geral da
Faculdade Dom Bosco; Coordenadora PET GEPES MEC FDB.
Para acessar o vídeo em tamanho maior acesse: https://youtu.be/sFR7INDeZMM
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