ENTRE
A EDUCAÇÃO SEXUAL ABORDADA ATUALMENTE NA DOCÊNCIA E EDUCAÇÃO SEXUAL QUE
ALMEJAMOS NO ENSINO: REFERÊNCIA HISTÓRICAS, SOCIAL E ABORDAGEM DISCIPLINARES
SANTOS, Hellen Henfrill Ribeiro
Acadêmica do Curso de Pedagogia
Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Sexualidade (GEPES PET MEC FDB)
Coordenadora: Prof.ªDra. Cláudia Bonfim
hellenhenfrill@gmail.com
Acadêmica do Curso de Pedagogia
Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Sexualidade (GEPES PET MEC FDB)
Coordenadora: Prof.ªDra. Cláudia Bonfim
hellenhenfrill@gmail.com
BONFIM, C. EDUCAÇÃO SEXUAL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Da educação sexual que temos a educação que
queremos. João Pessoa:
Editora Universitaria da UFPB, 2010.
A autora Cláudia Ramos de Souza Bonfim
possui pós-doutorado em Educação na área de História, Filosofia e educação pela
UNICAMP, Doutora na área da educação pela mesma instituição, Licenciada em
Biologia pela Faficop/Uenp, especializada em Metodologia e Didática do Ensino
e Doutora em educação. Atuou como orientadora educacional nos cursos de
Educação Física (licenciatura), Pedagogia, Direito e administração, além da
ampla experiencia em orientação de monografias em cursos de pós Graduação,
exerceu também como professora na educação básica no munícipio de Cornélio
Procópio-PR. Atualmente é Pesquisadora Colaborativa do Grupo Paideia (FE-
UNICAMP). Foi Vice-Presidente da Associação Brasileira de Educação Sexual
(ABRADES), atualmente é Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação
e Sexualidade (GEPES PET MEC FDB) e Coordenadora geral da instituição de ensino
Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco. Além da obra aqui resenhada aqui,
é autora do livro Desnudando a Educação Sexual, lançando em 2012,
pela Editora Papirus de Campinas-SP possuindo 144 páginas, tendo ainda diversos artigos publicados sobre o tema sexualidade
e educação sexual em variadas plataformas e/ou banco de dados científico e mais
dois livros publicados individualmente sobre a temática da educação e sexualidade.
A
obra alvo tratada aqui surgiu a partir da tese de Doutorado, possuindo 261 páginas
divididas em três capítulos, onde a escritora teve como objetivo naturalizar a
sexualidade como componente integrante de todo ser humano, trazendo reflexões
de como é dado essa formação sexual e como essa formação reflete em um ser já
desenvolvido e dotado de seus conceitos e opiniões, pautando a responsabilidade
das instituições de ensino e profissionais da educação que consequentemente
afetam essa formação, abordando como é tratado o tema educação sexual nas
Instituições de Ensino superior (com enfoque na área das Ciências Biológicas) na
formação de futuros profissionais da educação que como consequência profissional irão formar
outros profissionais de diversas áreas, carregando consigo o que foi lecionado
durante a graduação, a partir disso faz-se necessário uma correta orientação
sobre o conteúdo para que configuremos profissionais capacitados, capazes de
abordar diversos temas antes considerados tabu que por esse motivo não eram
debatidos a fundo durante a graduação, interferindo de maneira positiva na formação
de profissionais cada vez mais dotados do saber de maneira integral. Bonfim utiliza
uma abordagem de estudo qualitativa e ainda referência autores conceituados na
história da literatura mundial como: Marx, Laplante, Parker, Reich, Foucault entre
outros.
No
primeiro capítulo, Bonfim traça um parâmetro histórico social sobre a
sexualidade, a origem conceitual e os elementos influenciadores que resultaram na
construção histórica, política e cultural da sexualidade humana. Inicialmente
sofria intervenção de cunho religioso onde se fazia presente a repressão
religiosa quando não atribuído a prática ou a ideologia de acordo com os dogmas
e preceitos pregados, influenciando diretamente no comportamento e na educação
sexual pois privava-se o direito do pensar e refletir, limitando e
condicionando o intelecto a uma condição de ausência de autonomia. Outro
componente, seria o capitalismo, que influencia como ferramenta de banalização.
A autora ainda aponta que a educação elitista limita o acesso da classe trabalhadora ao conhecimento
científico, que são destinados teoricamente a grupos privilegiados, ou seja, à classes
dominante. Apresenta ainda, o uso de mídias sociais como influenciador em massa
traçando padrões de comportamento e pensamento, onde quem não se adequava
sofria uma rejeição. Esses fatores limitaram a sexualidade a um olhar
exclusivamente biológica e genital afastando de suas potencialidades, o que
repercute até os dias atuais.
No
capitulo dois, a autora amadurece e desenvolve a ideia da presença da
sexualidade no desenvolvimento humano, esse desenvolvimento se inicia na
infância podendo ser alterado por estímulos intrínsecos e extrínsecos que irão
resultar e moldar o adulto que essa criança
se tornara, apresentando ainda as consequências negativas que essa falta
de estímulos podem trazer futuramente a essa criança passando isso de gerações
em gerações, pois apenas amadurecemos aquilo que foi ensinado de acordo com a
realidade individual. Bonfim destaca o papel da escola que deve promover esse
conhecimento, superando o senso comum pelo conhecimento científico, promovendo
diálogos, principalmente sobre temas que
são tabus, de forma que, sejam naturalmente abordados e aprofundados de acordo
com a curiosidade do aluno, atentos para que em cada idade há formas e
abordagens adequadas, para não despertar precocemente a curiosidade, que muitas vezes os discentes não estão
preparados ou maduros o suficiente para ter esse tipo de reflexão, resultando
possivelmente em questionamentos desnecessários ou precoces para o nível de
maturidade. Além dos questionamentos teórico deve-se atentar ainda ao
comportamento, considerando que a criança durante sua formação apreende mais
observando as atitudes e ações do que palavras, imitando, muitas vezes, o que é
feito por outras pessoas e absorvendo visualmente, o que futuramente espelhará
em suas práticas e atitudes. Essa é a linha tênue que a escola deve se
equilibrar, entre não se ausentar da necessidade e carência de informação do
indivíduo e ainda não permitir que surjam questionamentos antes da hora.
No
terceiro e último capítulo, Bonfim apresenta a maneira como é tratada a
sexualidade na grade curricular na formação de profissionais que irão lecionar
o conhecimento aos discentes, expondo o quão pobre e limitado é abordar o tema
sexualidade apenas como partes anatômicas do corpo e suas funções, afastando de
suas potencialidades afetivas, o que se torna mais limitado ainda quando
sabe-se que a sexualidade é algo natural do ser humano e da vida, onde
desenvolver suas competências é necessário e saudável, transcendendo fatores
biológicos atingindo as habilidades de
sentir, falar, se expressar, se aceitar, se construir, autoconhecer, se
identificar e entender-se, interagir e manifestar-se de forma que possibilite
uma vida saudável.
Bonfim,
alcança seu objetivo quando busca emancipar a sexualidade dos fatores
limitantes e reducionistas impostos pela sociedade, originários de tempos
remotos que carregamos até hoje, abrindo horizontes para compreensão do que é
natural do ser humano que vai além do básico debatido e aborda nas intuições de
ensino fundamental e do que é ensinado aos professores. Torna-se então uma
leitura primordial para futuros professores, para que possam saber como abordar
o tema e explorar sua máxima, abordando de fatores físicos, debatendo e
instruindo sobre o amor, o sentir e todas habilidades que compõe a sexualidade,
formando seres humanos melhores e bem resolvidos. Recomendo a leitura ainda, a
quem não se limita ao que é superficial, a quem busca conhecimento através de questionamentos,
aos seres que se aprofundam e descontroem seus antigos preceitos aceitando e
adotando novos parâmetros de visão de mundo.
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