sábado, 25 de abril de 2020

Resenha da petiana Hellen do livro "Educação Sexual e Formação de Professores: da Educação Sexual que temos à que queremos"


ENTRE A EDUCAÇÃO SEXUAL ABORDADA ATUALMENTE NA DOCÊNCIA E EDUCAÇÃO SEXUAL QUE ALMEJAMOS NO ENSINO: REFERÊNCIA HISTÓRICAS, SOCIAL E ABORDAGEM DISCIPLINARES


SANTOS, Hellen Henfrill Ribeiro
Acadêmica do Curso de Pedagogia
Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Sexualidade (GEPES PET MEC FDB)

Coordenadora: Prof.ªDra. Cláudia Bonfim
hellenhenfrill@gmail.com






BONFIM, C. EDUCAÇÃO SEXUAL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Da educação sexual que temos a educação que queremos. João Pessoa: Editora Universitaria da UFPB, 2010.


A autora Cláudia Ramos de Souza Bonfim possui pós-doutorado em Educação na área de História, Filosofia e educação pela UNICAMP, Doutora na área da educação pela mesma instituição, Licenciada em Biologia pela Faficop/Uenp, especializada em Metodologia e Didática do Ensino e Doutora em educação. Atuou como orientadora educacional nos cursos de Educação Física (licenciatura), Pedagogia, Direito e administração, além da ampla experiencia em orientação de monografias em cursos de pós Graduação, exerceu também como professora na educação básica no munícipio de Cornélio Procópio-PR. Atualmente é Pesquisadora Colaborativa do Grupo Paideia (FE- UNICAMP). Foi Vice-Presidente da Associação Brasileira de Educação Sexual (ABRADES), atualmente é Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação e Sexualidade (GEPES PET MEC FDB) e Coordenadora geral da instituição de ensino Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco. Além da obra aqui resenhada aqui, é autora do livro Desnudando a Educação Sexual, lançando em 2012, pela Editora Papirus de Campinas-SP possuindo 144 páginas, tendo ainda  diversos artigos publicados sobre o tema sexualidade e educação sexual em variadas plataformas e/ou banco de dados científico e mais dois livros publicados individualmente sobre a temática da educação e sexualidade.
A obra alvo tratada aqui surgiu a partir da tese de Doutorado, possuindo 261 páginas divididas em três capítulos, onde a escritora teve como objetivo naturalizar a sexualidade como componente integrante de todo ser humano, trazendo reflexões de como é dado essa formação sexual e como essa formação reflete em um ser já desenvolvido e dotado de seus conceitos e opiniões, pautando a responsabilidade das instituições de ensino e profissionais da educação que consequentemente afetam essa formação, abordando como é tratado o tema educação sexual nas Instituições de Ensino superior (com enfoque na área das Ciências Biológicas) na formação de futuros profissionais da educação que  como consequência profissional irão formar outros profissionais de diversas áreas, carregando consigo o que foi lecionado durante a graduação, a partir disso faz-se necessário uma correta orientação sobre o conteúdo para que configuremos profissionais capacitados, capazes de abordar diversos temas antes considerados tabu que por esse motivo não eram debatidos a fundo durante a graduação, interferindo de maneira positiva na formação de profissionais cada vez mais dotados do saber de maneira integral. Bonfim utiliza uma abordagem de estudo qualitativa e ainda referência autores conceituados na história da literatura mundial como: Marx, Laplante, Parker, Reich, Foucault entre outros.
No primeiro capítulo, Bonfim traça um parâmetro histórico social sobre a sexualidade, a origem conceitual e os elementos influenciadores que resultaram na construção histórica, política e cultural da sexualidade humana. Inicialmente sofria intervenção de cunho religioso onde se fazia presente a repressão religiosa quando não atribuído a prática ou a ideologia de acordo com os dogmas e preceitos pregados, influenciando diretamente no comportamento e na educação sexual pois privava-se o direito do pensar e refletir, limitando e condicionando o intelecto a uma condição de ausência de autonomia. Outro componente, seria o capitalismo, que influencia como ferramenta de banalização. A autora ainda aponta que a educação elitista limita  o acesso  da classe trabalhadora ao conhecimento científico, que são destinados teoricamente a grupos privilegiados, ou seja, à classes dominante. Apresenta ainda, o uso de mídias sociais como influenciador em massa traçando padrões de comportamento e pensamento, onde quem não se adequava sofria uma rejeição. Esses fatores limitaram a sexualidade a um olhar exclusivamente biológica e genital afastando de suas potencialidades, o que repercute até os dias atuais.    
No capitulo dois, a autora amadurece e desenvolve a ideia da presença da sexualidade no desenvolvimento humano, esse desenvolvimento se inicia na infância podendo ser alterado por estímulos intrínsecos e extrínsecos que irão resultar e moldar o adulto que essa criança  se tornara, apresentando ainda as consequências negativas que essa falta de estímulos podem trazer futuramente a essa criança passando isso de gerações em gerações, pois apenas amadurecemos aquilo que foi ensinado de acordo com a realidade individual. Bonfim destaca o papel da escola que deve promover esse conhecimento, superando o senso comum pelo conhecimento científico, promovendo diálogos,  principalmente sobre temas que são tabus, de forma que, sejam naturalmente abordados e aprofundados de acordo com a curiosidade do aluno, atentos para que em cada idade há formas e abordagens adequadas, para não despertar precocemente a curiosidade,  que muitas vezes os discentes não estão preparados ou maduros o suficiente para ter esse tipo de reflexão, resultando possivelmente em questionamentos desnecessários ou precoces para o nível de maturidade. Além dos questionamentos teórico deve-se atentar ainda ao comportamento, considerando que a criança durante sua formação apreende mais observando as atitudes e ações do que palavras, imitando, muitas vezes, o que é feito por outras pessoas e absorvendo visualmente, o que futuramente espelhará em suas práticas e atitudes. Essa é a linha tênue que a escola deve se equilibrar, entre não se ausentar da necessidade e carência de informação do indivíduo e ainda não permitir que surjam questionamentos antes da hora.
No terceiro e último capítulo, Bonfim apresenta a maneira como é tratada a sexualidade na grade curricular na formação de profissionais que irão lecionar o conhecimento aos discentes, expondo o quão pobre e limitado é abordar o tema sexualidade apenas como partes anatômicas do corpo e suas funções, afastando de suas potencialidades afetivas, o que se torna mais limitado ainda quando sabe-se que a sexualidade é algo natural do ser humano e da vida, onde desenvolver suas competências é necessário e saudável, transcendendo fatores biológicos  atingindo as habilidades de sentir, falar, se expressar, se aceitar, se construir, autoconhecer, se identificar e entender-se, interagir e manifestar-se de forma que possibilite uma vida saudável.
Bonfim, alcança seu objetivo quando busca emancipar a sexualidade dos fatores limitantes e reducionistas impostos pela sociedade, originários de tempos remotos que carregamos até hoje, abrindo horizontes para compreensão do que é natural do ser humano que vai além do básico debatido e aborda nas intuições de ensino fundamental e do que é ensinado aos professores. Torna-se então uma leitura primordial para futuros professores, para que possam saber como abordar o tema e explorar sua máxima, abordando de fatores físicos, debatendo e instruindo sobre o amor, o sentir e todas habilidades que compõe a sexualidade, formando seres humanos melhores e bem resolvidos. Recomendo a leitura ainda, a quem não se limita ao que é superficial, a quem busca conhecimento através de questionamentos, aos seres que se aprofundam e descontroem seus antigos preceitos aceitando e adotando novos parâmetros de visão de mundo.     
   

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