EDUCAÇÃO
E EMANCIPAÇÃO SEXUAL
Heloísa Leal de Carvalho
Muller
Acadêmica do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Dom Bosco
Acadêmica do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Dom Bosco
Bolsista membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em
Educação e Sexualidade (GEPES PET MEC FDB)
Coordenadora: Prof.ªDra. Cláudia Bonfim
heloisalmuller@gmail.com
heloisalmuller@gmail.com
BONFIM, C. EDUCAÇÃO
SEXUAL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: da
educação sexual que temos à educação que queremos. João Pessoa: Editora
Universitária Da UFPB, 2010. 267 p.
A autora do livro possui o título de pós-doutorado em
Educação na área de História e Filosofia, é Licenciada em Biologia, especialista
em Metodologia e Didática do Ensino e mestre em Educação, títulos conquistados
na Faficop/Uenp. Cláudia Bonfim, ainda, é Doutora em Educação pela Unicamp, na
área de História, Filosofia e Educação. Atua como coordenadora geral na
Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco em Cornélio Procópio, bem como coordena
o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Sexualidade (GEPES PET MEC FDB) na
mesma instituição. É autora, também, do livro Desnudando a Educação Sexual, A
condição histórica da mulher: Contribuição da pedagogia histórico-crítica na
promoção da Educação Sexual Emancipatória, dentre outros estudos.
Esta obra contém 267 páginas, está disposta em três capítulos
no qual a autora aborda sobre a problemática da educação sexual, área polêmica
de conhecimento cercada por tabus. Nela, a autora elenca e visa romper os
preconceitos em torno da sexualidade, vislumbrando-a de maneira mais autêntica,
em todas as suas dimensões, de forma a atingir aqueles que buscam um maior
entendimento no assunto, através de um conhecimento empírico, baseado em diversos
autores, como Saviani, Nunes, Foucault, Freud, Marx, entre outros.
O método utilizado por Cláudia Bonfim, é de abordagem
qualitativa e caráter histórico-bibliográfico, valeu-se também de uma coleta de
dados com questionários dissertativos e observação, derivada de sua tese de
doutorado.
No primeiro capítulo, Bonfim faz uma reflexão histórica e social
sobre a sexualidade, passando pela visão biológica, com Darwin, Mendel, até as
Ciências Sociais. A autora, através de seus apontamentos revela que, ainda na
modernidade, a sexualidade quando é vislumbrada e ensinada, principalmente nas
escolas, apenas é em sua dimensão biológica-reprodutiva. Respaldada em outros
autores, Bonfim afirma, que sexualidade é fonte de prazer, bem-estar e
intimidade, abrangendo toda subjetividade do ser humano, portanto, é necessário
a promoção do diálogo, romper com a repressão e opressão sexual que por motivos
políticos, econômicos e sociais (classista) empobrece e castra o ser humano.
No segundo capítulo, a autora enfatiza as políticas de
formação dos professores frente a educação sexual brasileira que com o
colonialismo, o conservadorismo e o regime ditatorial a retardaram. Nas
escolas, os conteúdos eram transmitidos por orientadores educacionais e
professores de Biologia que devido à carência na sua formação, transmitiam
conceitos de forma distorcida.
Essa distorção, segundo Bonfim, teve grandes influências no
que se refere a interpretação da vida sexual brasileira, como: política, religiosa, econômica, médica. Claudia
mostra, como a sexualidade no decorrer do tempo foi usada para manter as propriedades
e fortunas da elite. No século XVII a visão predominante sobre a sexualidade
era de uma pedagogia médico-higienista que surgiu para combate às doenças venéreas,
a masturbação e preparar as mulheres para desempenhar o papel de esposa e mãe,
robustecendo as desigualdades dos papéis sexuais.
A Educação no Brasil, com a LDB é elistista, pois separa o
trabalho manual do intelectual, já que a escola não visa o desenvolvimento
humano e social dos alunos, não o prepara para ser crítico, mas apenas, mais
uma “mão de obra”.
No terceiro capítulo a autora, fundamentando-se em estudos
filosóficos e antropológicos abordou a questão da necessidade de uma formação
consistente com a transmissão de conhecimento metodológico e teórico dos
professores acerca da Educação Sexual, para que o mesmo, possa ensinar aos
alunos sobre a sexualidade de maneira emancipatória, pautada numa visão crítica
e afetiva e singular. Essa visão, segundo Bonfim, possibilita uma mudança no
Brasil, que hoje está imerso na banalização sexual, no qual, devido ao
capitalismo, que tem o sexo como produto de consumo, para se usar e descartar
facilmente.
A autora transmite de forma clara e concisa como a
sexualidade deve ser vislumbrada pelos pais e professores: algo íntimo do ser,
característica humana, natural e, portanto, deve ser trabalhada com as crianças,
com naturalidade e de acordo com sua fase de desenvolvimento.
Segundo Bonfim, as possibilidades de se ter uma Educação Sexual
deveras emancipatória poderá ser uma realidade se os tabus e preconceitos
enraizados no ser humano forem superados, as visões da sexualidade como um
pecado, uma imoralidade, sendo que a sexualidade é a essência da vida.
A autora é clara e objetiva ao dizer que a sexualidade é
construída por toda uma vida, não se restringe ao sexo biológico, mas também a
identidade de gênero, orientação sexual, a maneira de ser e sentir, os
relacionamentos, as interações com o meio a qual cada ser está inserido. Destarte,
é relevante a busca pelo diálogo nas escolas e nos lares, sem omissões e
proibições moralistas e socioculturais.
O livro é indicado para professores, psicólogos, pais e todas as pessoas que desejam ter conhecimento de si próprio e da história da sexualidade e da educação sexual.
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