sábado, 25 de abril de 2020

Resenha da Petiana Heloísa do livro "Educação Sexual e Formação de Professores: da Educação Sexual que temos à que queremos"


EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO SEXUAL


Heloísa Leal de Carvalho Muller
Acadêmica do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Dom Bosco
Bolsista membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Sexualidade (GEPES PET MEC FDB)
 
Coordenadora: Prof.ªDra. Cláudia Bonfim
heloisalmuller@gmail.com





BONFIM, C. EDUCAÇÃO SEXUAL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: da educação sexual que temos à educação que queremos. João Pessoa: Editora Universitária Da UFPB, 2010. 267 p.

A autora do livro possui o título de pós-doutorado em Educação na área de História e Filosofia, é Licenciada em Biologia, especialista em Metodologia e Didática do Ensino e mestre em Educação, títulos conquistados na Faficop/Uenp. Cláudia Bonfim, ainda, é Doutora em Educação pela Unicamp, na área de História, Filosofia e Educação. Atua como coordenadora geral na Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco em Cornélio Procópio, bem como coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Sexualidade (GEPES PET MEC FDB) na mesma instituição. É autora, também, do livro Desnudando a Educação Sexual, A condição histórica da mulher: Contribuição da pedagogia histórico-crítica na promoção da Educação Sexual Emancipatória, dentre outros estudos.
Esta obra contém 267 páginas, está disposta em três capítulos no qual a autora aborda sobre a problemática da educação sexual, área polêmica de conhecimento cercada por tabus. Nela, a autora elenca e visa romper os preconceitos em torno da sexualidade, vislumbrando-a de maneira mais autêntica, em todas as suas dimensões, de forma a atingir aqueles que buscam um maior entendimento no assunto, através de um conhecimento empírico, baseado em diversos autores, como Saviani, Nunes, Foucault, Freud, Marx, entre outros.
O método utilizado por Cláudia Bonfim, é de abordagem qualitativa e caráter histórico-bibliográfico, valeu-se também de uma coleta de dados com questionários dissertativos e observação, derivada de sua tese de doutorado.
No primeiro capítulo, Bonfim faz uma reflexão histórica e social sobre a sexualidade, passando pela visão biológica, com Darwin, Mendel, até as Ciências Sociais. A autora, através de seus apontamentos revela que, ainda na modernidade, a sexualidade quando é vislumbrada e ensinada, principalmente nas escolas, apenas é em sua dimensão biológica-reprodutiva. Respaldada em outros autores, Bonfim afirma, que sexualidade é fonte de prazer, bem-estar e intimidade, abrangendo toda subjetividade do ser humano, portanto, é necessário a promoção do diálogo, romper com a repressão e opressão sexual que por motivos políticos, econômicos e sociais (classista) empobrece e castra o ser humano.
No segundo capítulo, a autora enfatiza as políticas de formação dos professores frente a educação sexual brasileira que com o colonialismo, o conservadorismo e o regime ditatorial a retardaram. Nas escolas, os conteúdos eram transmitidos por orientadores educacionais e professores de Biologia que devido à carência na sua formação, transmitiam conceitos de forma distorcida.
Essa distorção, segundo Bonfim, teve grandes influências no que se refere a interpretação da vida sexual brasileira, como:  política, religiosa, econômica, médica. Claudia mostra, como a sexualidade no decorrer do tempo foi usada para manter as propriedades e fortunas da elite. No século XVII a visão predominante sobre a sexualidade era de uma pedagogia médico-higienista que surgiu para combate às doenças venéreas, a masturbação e preparar as mulheres para desempenhar o papel de esposa e mãe, robustecendo as desigualdades dos papéis sexuais. 
A Educação no Brasil, com a LDB é elistista, pois separa o trabalho manual do intelectual, já que a escola não visa o desenvolvimento humano e social dos alunos, não o prepara para ser crítico, mas apenas, mais uma “mão de obra”.
No terceiro capítulo a autora, fundamentando-se em estudos filosóficos e antropológicos abordou a questão da necessidade de uma formação consistente com a transmissão de conhecimento metodológico e teórico dos professores acerca da Educação Sexual, para que o mesmo, possa ensinar aos alunos sobre a sexualidade de maneira emancipatória, pautada numa visão crítica e afetiva e singular. Essa visão, segundo Bonfim, possibilita uma mudança no Brasil, que hoje está imerso na banalização sexual, no qual, devido ao capitalismo, que tem o sexo como produto de consumo, para se usar e descartar facilmente.
A autora transmite de forma clara e concisa como a sexualidade deve ser vislumbrada pelos pais e professores: algo íntimo do ser, característica humana, natural e, portanto, deve ser trabalhada com as crianças, com naturalidade e de acordo com sua fase de desenvolvimento.
Segundo Bonfim, as possibilidades de se ter uma Educação Sexual deveras emancipatória poderá ser uma realidade se os tabus e preconceitos enraizados no ser humano forem superados, as visões da sexualidade como um pecado, uma imoralidade, sendo que a sexualidade é a essência da vida.
A autora é clara e objetiva ao dizer que a sexualidade é construída por toda uma vida, não se restringe ao sexo biológico, mas também a identidade de gênero, orientação sexual, a maneira de ser e sentir, os relacionamentos, as interações com o meio a qual cada ser está inserido. Destarte, é relevante a busca pelo diálogo nas escolas e nos lares, sem omissões e proibições moralistas e socioculturais.
O livro é indicado para professores, psicólogos, pais e todas as pessoas que desejam ter conhecimento de si próprio e da história da sexualidade e da educação sexual.

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